Tenho percebido uma significativa mudança, para pior, nos dias que antecedem às férias coletivas que muitas empresas contábeis fazem no final de cada ano, aproveitando o momento em que muitos clientes também fazem uso dessa parada, digamos, reparadora.
O que era para ser um período de descanso, para recarregar as baterias está se tornando um período difícil de lidar, devido ao constante aumento das obrigações fiscais.
Já estamos habituados com o grande fluxo de serviço no setor de recursos humanos, com o fechamento de praticamente quatro folhas de pagamento em menos de 30 dias (1ª. Parcela do 13º. Salário, Folha de Novembro, 2ª. Parcela do 13º. Salário e a Folha de Dezembro). Sem falar, é claro, das inúmeras admissões e rescisões de última hora.
Também não vou falar daquelas famigeradas certidões negativas, solicitadas nos últimos dias de trabalho que nos causam tantos transtornos, pois normalmente são aquelas que, sem qualquer explicação, não conseguimos emitir pela internet, obrigando-nos a procurar o órgão público para resolver uma daquelas pendências que ninguém consegue explicar.
Poderia citar também os processos de abertura de empresa que ficam, digamos, no vácuo, obrigando o empresário a fazer um adiamento forçado na abertura do negócio. Então, no último dia de trabalho, já quase a beira de um colapso nervoso somos quase forçados a “expulsar” os últimos clientes, como se fosse um bar em que o garçom vai colocando as cadeiras em cima das mesas e começando a varrer o chão. As últimas ligações telefônicas soam quase como uma sirene de aviso de bombardeio inimigo, tamanho é o medo de uma solicitação de serviço complicada de última hora.
Voltamos das férias com uma infinidade de obrigações a cumprir, sendo obrigados a entrar no jogo sem o devido tempo para Aquecimento e com a obrigação de ganhar de um adversário que não para nunca o Governo. Nunca, no sentido das cobranças a que somos expostos na condição de intermediador na arrecadação implacável dos impostos. Mesmo nesse pequeno período de pausa, somos bombardeados com uma enorme quantidade de alterações nas legislações: Federal, Estaduais e Municipais, as quais somos obrigados a “degustar” e repassar antes da entrada em vigor.
Por fim, já no primeiro dia de trabalho, estamos tão cansados que parece que nem estávamos em férias, tamanho é o nível de pressão a que estamos expostos, pois além dos fechamentos normais do mês, temos os fechamentos e obrigações anuais, tais como: Balanço, DIRF, Declaração Imposto de renda Pessoa Jurídica, Física, DIME, RAIS, DIMOB, DACON, DCTF, SPED e tantas outras obrigações que se fossem descritas, ocupariam a maior parte deste artigo.
Enfim, vivemos um grande paradoxo, pois nunca tivemos tanta representação política no Governo (FENACON, SESCON E CRC), mas ao mesmo tempo ainda somos, de certa maneira, em alguns momentos, tratados como meros ajudantes desta grande máquina arrecadadora.
Reconheço o Empenho de nossas lideranças de classe, mas as muitas conquistas até então, são muitas vezes encobertas por outras tantas derrotas, que acabam anulando o que foi conquistado. Dá a impressão de que existe uma proporção de 10 por 1. Ou seja, lançam dez novas obrigações e depois um benefício para acalmar os ânimos.
Nem por isso podemos desanimar, pois vivemos num país democrático e estamos colhendo aquilo que plantamos, nada mais do que isso. Se quisermos que as coisas mudem, teremos que ter uma participação mais ativa dentro das entidades de classe ou até mesmo um envolvimento direto na esfera política.
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